O futebol brasileiro voltou a ser assunto. Não como nostalgia, não como folclore, mas como presente competitivo. E isso muda tudo.
A Copa do Mundo de Clubes, disputada no meio do ano, virou febre no Brasil não por acaso. Nossos times entraram no torneio para jogar, competir e propor. Não houve passeio europeu. Houve respeito. Houve jogo duro. Houve reconhecimento. Do outro lado, clubes acostumados a ditar o ritmo perceberam que enfrentar brasileiros voltou a ser um problema real, técnico, tático e mental.
Na América do Sul, os números falam alto. Neste ano, houve mais uma final de Libertadores entre dois clubes brasileiros. Mais uma vez Copa Sul-Americana com equipe brasileira decidindo. E, no cenário global, o Flamengo chegando à final da Copa Intercontinental e encarando de frente o time que, hoje, é considerado o melhor do mundo, liderado pelo atual melhor jogador do planeta.
Claro que não ganhamos tudo. E está tudo bem.
Porque ganhar não pode ser (e nunca deveria ter sido) o único termômetro de qualidade. O futebol brasileiro perdeu respeito quando passou a medir sua grandeza apenas pelo troféu levantado, e não pelo caminho percorrido. O que estamos vendo agora é uma reconstrução do respeito feita jogo a jogo, decisão a decisão, enfrentamento a enfrentamento.
Esse movimento não nasce do nada. Ele se conecta com o que acontece dentro e fora do país. O sucesso quase imediato de Estêvão no Chelsea, com pouquíssima idade e enorme personalidade, é mais uma peça desse quebra-cabeça. Soma-se a isso o que os jogadores brasileiros seguem fazendo mundo afora: protagonistas, decisivos e admirados. A matéria-prima sempre esteve aqui. O que faltava era contexto, estrutura e confiança.
E tudo isso acontece em um momento simbólico: pré-Copa do Mundo.
Há também um fator intangível, mas absolutamente decisivo, chamado Carlo Ancelotti. Carleto carrega um respeito global que dispensa apresentações. Existe quase um pensamento coletivo no futebol internacional que funciona assim: “se ele está ali, é porque o negócio é sério”. Estive recentemente no sorteio dos grupos da Copa do Mundo em Washington e pude sentir isso de perto. Se havia alguém mais assediado, mais reverenciado, mais procurado do que Ancelotti no evento, só Gianni Infantino. E talvez nem ele com tanta naturalidade.
Esse conjunto fortalece. E muito.
Lá fora, é perceptível que o respeito pela amarelinha e pelo futebol brasileiro continua intacto. Nunca desapareceu. O que se perdeu, em algum momento, foi a nossa própria crença. Foi o nosso espelho que ficou distorcido.
Agora, o desafio é interno. É fazer a gente voltar a acreditar e entender que o futebol brasileiro não precisa se desculpar por existir. Também não precisa ser comparado o tempo todo. Precisa competir, evoluir, organizar e lembrar quem é.
O mundo já sabe. Falta só a gente se convencer de novo.
O artigo acima reflete a opinião do(a) colunista e não necessariamente a da Máquina do Esporte
Lênin Franco é especialista em marketing esportivo, possui MBA em Gestão de Projetos e trabalha no mercado do futebol desde 2006. Chegou ao Bahia em 2013 como gerente de marketing e, na sequência, passou a comandar o departamento de negócios. Em 2021, chegou ao Botafogo como diretor de negócios e ajudou o clube a se estruturar para a chegada do investidor John Textor. Em 2022, assumiu a diretoria de negócios do Cruzeiro, integrando o time de dirigentes da SAF Cruzeiro. Por fim, em 2023, assumiu as áreas de marketing e comercial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), liderando principalmente a renovação do contrato da Nike com a entidade. Atualmente, é sócio da 94 Marketing & Football
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Às vésperas da maior Copa do Mundo da história, o futebol brasileiro voltou a ser assunto: não como nostalgia, não como folclore, mas como presente competitivo
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