Na última semana, o jornalista Damián Martínez, do SBC Noticias, abordou a apuração envolvendo cassinos por possível lavagem de dinheiro. A Secretaría de Hacienda y Crédito Público (SHCP) do México informou que 13 cassinos estão sob investigação após identificarem operações milionárias e fluxos internacionais de dinheiro.
Segundo a SHCP, os estabelecimentos presentes nos estados de Sinaloa, de Jalisco, da Cidade do México, de Sonora, de Nuevo León, de Baja California, do Estado do México e de Chiapas são considerados de alto risco financeiro.
“Foram identificadas condutas presumivelmente compatíveis com tipologias internacionais de lavagem de dinheiro”, explicou a SHCP.
O relatório das autoridades indica que alguns dos estabelecimentos apresentam movimentações significativas em dinheiro, além de transferências para diversos países, incluindo Estados Unidos, Romênia, Albânia, Malta e Panamá.
Além disso, estariam utilizando plataformas digitais para ajudar a dispersar os valores transferidos, ocultando-os e integrando-os aos sistemas financeiros nacional e internacional.
A investigação indica que essas plataformas utilizavam pessoas com perfis econômicos que não correspondiam ao volume de dinheiro que estavam movimentando. Donas de casa, desempregados e aposentados enviavam valores que supostamente teriam ganhado com jogos aos verdadeiros proprietários.
O jornalista reforçou que a Unidad de Inteligencia Financiera (UIF) apresentará denúncias à Fiscalía General de la República (FGR) para que haja acompanhamento dos possíveis crimes de operações com recursos de procedência ilícita, de associação criminosa e de delitos de natureza fiscal.
Grupo Salinas alega “perseguição”
O Grupo Salinas acusou o governo mexicano de promover uma “perseguição de Estado” após a SHCP anunciar investigação que envolve diversas casas de apostas, incluindo a Ganador Azteca e a Operadora Ganador TV Azteca, ambas subsidiárias do conglomerado.
No comunicado “O assédio do governo contra o Grupo Salinas deve cessar”, a empresa afirmou que a medida representa “mais um uso tendencioso do aparato estatal para cercar o Grupo Salinas”, citando a PFF e a UIF como responsáveis por deflagrar a apuração.
“No Grupo Salinas, sempre fomos respeitosos da lei. Todas as nossas marcas cumprem plena e pontualmente todos os requisitos legais e as normas aplicáveis ao setor”, afirmou a empresa.
O conglomerado afirmou que cumpre os mais altos padrões internacionais de prevenção à lavagem de dinheiro e garantiu que está preparado “para demonstrar isso perante qualquer instância competente”.
Presidente do México defende atualizar lei dos cassinos online
“Hoje são feitas inúmeras apostas de forma digital. Muitas plataformas de apostas aparecem em anúncios nas redes sociais ou na televisão. Por isso, a regulamentação dos cassinos online precisa ser atualizada, porque, quando a lei foi criada, esse tipo de aposta não existia. Consequentemente, é necessário regulamentar, caso contrário, isso acaba facilitando a lavagem de dinheiro”, explicou Claudia Sheinbaum (Morena), presidente do México, durante coletiva de imprensa.
No mês passado, Sheinbaum já havia sinalizado que o governo estuda mudanças na legislação de jogos e pediu a Rosa Icela Rodríguez, secretária de Governança, que detalhasse o assunto.
Durante a mesma coletiva de imprensa, Omar García Harfuch, secretário de Segurança e Proteção Cidadã do México, também forneceu mais detalhes sobre a investigação que está sendo conduzida sobre os 13 cassinos.
“Foram analisados cassinos físicos e virtuais, um setor que, por sua natureza apresenta riscos relevantes de lavagem de dinheiro – com o uso intensivo de dinheiro em espécie e transações digitais. Identificamos padrões de risco, irregularidades fiscais, operações incomuns e vínculos financeiros transnacionais que comprometiam a integridade do sistema financeiro”, explicou Harfuch.
Operação dos cassinos suspendidos
Ainda na coletiva, Grisel Galeano García, procuradora fiscal, destacou como funcionava o esquema utilizado pelos cassinos suspensos. Segundo García, os operadores recrutavam jovens, estudantes, trabalhadores, donas de casa e aposentados, muitas vezes por meio de fraude ou de roubo de identidade. Esses indivíduos recebiam cartões pré-pagos ou códigos com dinheiro de origem desconhecida para apostas físicas ou online.
O sistema registrava ganhos milionários em nome dessas pessoas, que quase nunca recebiam os valores. Em seguida, o montante era imediatamente enviado a contas no exterior, geralmente em paraísos fiscais, onde era lavado antes de retornar ao México como supostos lucros legítimos.
De acordo com as autoridades, o processo se repetiu centenas ou milhares de vezes em diferentes plataformas, criando um mecanismo sistemático de lavagem de dinheiro. García ressaltou que a maioria dos envolvidos não tinha consciência de que participava do esquema.
EUA aplicam sanções a dez cassinos mexicanos
Na continuidade da investigação dos cassinos no México, o jornalista Damián Martínez destacou que o Office of Foreign Assets Control (OFAC) e a Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN), órgãos do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (EUA), uniram-se ao governo mexicano.
O objetivo foi desarticular o grupo criminoso Hysa e diversos estabelecimentos de jogos no país, supostamente envolvidos em lavagem de dinheiro ligada a cartéis e a outras atividades ilícitas.
As sanções dos EUA foram aplicadas dois dias após a SHCP do México informar que 13 cassinos estavam sendo investigados.
Como parte das medidas, a OFAC sancionou 27 pessoas e entidades, enquanto a FinCEN propôs restrições a dez cassinos com sede no México, bloqueando o acesso ao sistema financeiro dos EUA devido a suspeitas de lavagem de dinheiro.
Ao mesmo tempo, e em coordenação com a OFAC e o governo mexicano, a FinCEN emitiu aviso de proposta de regulamentação, identificando transações envolvendo os 10 cassinos como tipo de operações de maior risco para lavagem de dinheiro.
Todos os bens de pessoas relacionadas ao grupo nos Estados Unidos ou sob controle de pessoas americanas foram bloqueados, assim como qualquer entidade com 50% ou mais de propriedade vinculada aos envolvidos. Segundo as autoridades, os cassinos eram usados há anos para facilitar operações de lavagem de dinheiro.
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Na última semana, o jornalista Damián Martínez, do SBC Noticias, abordou a apuração envolvendo cassinos por possível lavagem de dinheiro. A Secretaría de Hacienda y Crédito Público (SHCP) do México
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