CEO da Sportingtech analisa rapidez inesperada no amadurecimento do mercado brasileiro de apostas

O aguardado mercado brasileiro pode ter menos de um ano de existência, mas já passou por uma rápida evolução e forçou operadores e fornecedores a se adaptarem às novas demandas dos jogadores.

Lançado oficialmente em janeiro, o setor regulado de apostas esportivas e cassinos online do Brasil evoluiu do perfil de jogadores que preferiam jogos rápidos e simples, como os crash games, para um portfólio muito mais diversificado nos últimos meses.

Em conversa com o SBC News, o CEO da Sportingtech, Tom Ustunel, destacou que, tanto no cassino quanto nas apostas esportivas, os jogadores estão cada vez mais conscientes das opções disponíveis.

“À medida que o mercado amadurece, temos notado que o comportamento começa a se assemelhar ao do mercado europeu”, explicou Ustunel, em entrevista ao SBC News durante o SBC Summit 2025, no SkyBar.

“Há mais variedade na quantidade de jogos que estão sendo jogados. O comportamento inicial era bem básico. Mesmo nas apostas esportivas, o foco era quase exclusivamente no futebol. Mas agora vemos pessoas apostando em outros eventos. Então, conforme o mercado amadurece, nosso produto também precisa amadurecer. Precisamos oferecer mais opções, enquanto, no início, um produto simples era o mais adequado. Hoje, estamos percebendo a necessidade de incluir recursos adicionais, semelhantes aos que os jogadores europeus e de mercados mais maduros já estão acostumados”, explicou.

As declarações de Ustunel vieram durante uma ampla conversa sobre localização e personalização — e sobre como a empresa adapta suas soluções às necessidades específicas dos operadores e, consequentemente, dos jogadores de cada mercado.

Segundo o CEO, a plataforma da Sportingtech é perfeitamente adequada aos mercados da América Latina, embora também atue em regiões como Europa e África. O foco em adaptar a plataforma a cada contexto tem permitido à empresa ajudar seus clientes a alcançar as dez primeiras posições em seus respectivos mercados.

“Grande parte disso está relacionada à personalização que implementamos. Nosso objetivo é oferecer ao operador a capacidade de personalizar o máximo possível. Dentro de um ano, chegaremos ao ponto em que o operador poderá desenhar completamente seu frontend de forma independente. Esse é o nosso objetivo, pois acreditamos que isso será o maior diferencial competitivo deles e os ajudará a se manter relevantes em mercados saturados”, comentou.

E saturado é exatamente o caso do Brasil, que já conta com mais de 100 marcas ativas. Com tamanha concorrência, garantir que o jogador se sinta confortável e familiarizado com a plataforma é essencial — e essa tem sido uma prioridade para a Sportingtech no país.

Um dos pontos mais importantes, segundo Ustunel, é fazer com que o usuário sinta que está em um site local.

“Percebemos que até coisas simples, como taxas de depósito registrados, são muito mais altas depois da personalização, mesmo sem grandes mudanças no formulário de cadastro. Mas, como o resto do site é personalizado, o jogador sente que está em um site brasileiro — e não em uma cópia de um site europeu apenas traduzido. Eles percebem que tudo foi adaptado para eles, não apenas os métodos de pagamento, mas toda a experiência de ponta a ponta”, explicou.

O ritmo acelerado dessa evolução no Brasil tem uma explicação tipicamente brasileira: a forte influência dos criadores de conteúdo e influenciadores digitais sobre os apostadores.

“Vou repetir o que alguns operadores dizem no Brasil: um jogo que é popular nesta semana pode não ser mais na próxima — isso muda literalmente da noite para o dia. Se um influenciador começa a divulgar um jogo, rapidamente o mercado o adota. Não vemos essa oscilação tão intensa na Europa, onde os mercados estão regulados há mais de dez anos. Mas o Brasil e a América Latina estão caminhando nessa direção”, analisou.

Sportinget investe em localização também no B2B

A estratégia de localização da Sportingtech não se limita às preferências dos jogadores. Ela também se reflete na estrutura operacional da empresa e em sua proximidade com os operadores parceiros. Por isso, a empresa abriu um escritório em São Paulo, com o objetivo de atender às necessidades de todos os clientes da região.

“Estamos garantindo presença local. Enviamos equipes para estar fisicamente com o operador, porque acreditamos em parcerias de verdade, não apenas em fornecer software”, afirmou o CEO.

Essa abordagem faz parte de uma estratégia dupla: oferecer um produto de excelência e um serviço impecável.

“Nosso modelo é diferente; preferimos escolher parceiros que realmente queiram ser parceiros — e não apenas nos tratem como fornecedores de software. No Brasil, não pretendemos atender 30 ou mais clientes, porque isso geraria conflito de interesse. Mantemos uma base menor para poder focar em colocá-los entre os dez primeiros — esse é o nosso grande objetivo”, explicou.

A Head de Marca da empresa, Laura Main, acrescentou que essa filosofia faz parte da chamada abordagem white glove (atendimento premium): “Queremos ter tempo para cada cliente. Estar disponíveis quando eles precisarem. Estamos disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Muitos clientes vindos de outras plataformas nos dizem que não recebem esse nível de atendimento em nenhum outro lugar”.

Ustunel concluiu que essa relação só funciona se o produto for realmente bom — e esse continuará sendo o foco principal da Sportingtech.

“Se conseguimos colocar o operador entre os dez melhores do mercado, ele fica satisfeito. Se oferecemos um produto competitivo, capaz de disputar com os grandes, é isso que eles querem. No momento em que não conseguirem competir, estamos perdidos. Por isso, precisamos acompanhar a tecnologia e oferecer um serviço de primeira. Assim, eles continuarão conosco”, finalizou.

Receba um resumo com as principais notícias sobre o mercado de jogos e apostas no Brasil através do link. A newsletter é enviada toda segunda, terça e quinta-feira, sempre às 17 horas.

O aguardado mercado brasileiro pode ter menos de um ano de existência, mas já passou por uma rápida evolução e forçou operadores e fornecedores a se adaptarem às novas demandas