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O depoimento de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, à CPI das Apostas Esportivas no Senado Federal transformou a comissão que investiga supostas manipulações de resultados no futebol brasileiro num grande teatro.
Leila, o senador Jorge Kajuru, que é presidente da comissão, e o dono da SAF do Botafogo, John Textor, transformaram as discussões da CPI numa fogueira de vaidades, com trocas de acusações entre todos os lados, declarações pesadas e um enorme jogo de cena que agrada torcedores, dá bastante exposição na mídia, mas não chega perto do cerne do debate.
“Eu não sou de fazer ilações, pois não sou o John Textor. Eu sou a Leila Pereira. Estou aqui como vítima. Ele afirma que o meu clube foi beneficiado pela manipulação dos dados. Só que ele não comprova o que diz. Quem alega tem que provar. Inclusive ele tem de ser banido do futebol se não provar isso. Não vamos parar até que John Textor seja condenado pelas falsas alegações”, disse Leila durante inquirição no Senado na tarde de quarta-feira (5).
O depoimento da mandatária do Palmeiras teve ainda diversas respostas atravessadas após falas machistas de senadores, ou mesmo de perguntas esdrúxulas, como se é mais fácil alguém manter-se fiel a um clube ou a um cônjuge, numa tentativa de questionar se a dirigente torceria pelo Palmeiras.
O ápice, porém, veio com respostas de Textor, que usou seu perfil no Instagram para atacar o senador Jorge Kajuru, que preside a CPI, e a lisura de árbitros e atletas do futebol nacional. O americano foi às redes e postou vídeos em que supostamente o VAR do jogo entre Botafogo x Palmeiras, no Campeonato Brasileiro de 2023, teria sido manipulado, induzindo a arbitragem de campo a expulsar o zagueiro Adryelson quando o jogo ainda marcava 3 a 1 para o time carioca. Na legenda, atacou o político.
“Senador Kajuru, seus 15 minutos de fama quase chegaram ao fim… E tudo o que parecemos ter aprendido com sua investigação sobre manipulação de resultados em benefício do Palmeiras é que você é um torcedor do Palmeiras de longa data. Problemas sérios precisam de pessoas sérias. De que lado da história você ficará? A escolha é sua”.
Nesta quinta-feira (6), Kajuru usou o palco da CPI para atacar Textor, contestando os “minutos de fama” e falando em banir o dirigente do futebol.
“Eu não tenho 15 minutos de fama. Tenho 50 anos de fama nacional, inclusive com programas na televisão aberta. Eu não vou responder e dar importância a quem não tem nenhuma importância. Ele (Textor) só terá importância para mim no dia que ele provar tudo que ele jogou no ventilador até hoje. Do contrário, eu pedirei o banimento dele do futebol brasileiro e a expulsão dele do país”, esbravejou o político.
Instaurada no mês de abril, a CPI das Apostas Esportivas tem ganho espaço na mídia muito mais pelas declarações controversas de seus depoentes e parlamentares do que por resultados práticos de investigação.
A bola da vez dos políticos, agora, é tentar levar para depor o jogador Lucas Paquetá, do West Ham. Ele foi denunciado pela Federação Inglesa acusado de propositadamente tomar cartão amarelo em quatro partidas de seu time para favorecer apostadores da ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.
Ao que tudo indica, o palco da CPI continuará disponível para muita especulação e pouca efetividade nas apurações.
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Dirigentes e senador trocam farpas públicas em meio a show de desinformação sobre suposto esquema para manipular apostas esportivas
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