Publicado em dezembro de 2025
Mesmo após a regulamentação das apostas online, plataformas ilegais seguem crescendo, drenando bilhões do mercado formal, colocando jogadores em risco e pressionando operadores que investiram para atuar dentro da lei.O início oficial do mercado regulado de apostas no Brasil, em janeiro de 2025, marcou um passo histórico para a indústria de iGaming no país. Após anos de debates, o novo marco legal prometia segurança jurídica, proteção ao consumidor, arrecadação fiscal e combate ao crime financeiro.
No entanto, menos de um ano depois, um problema se tornou evidente: a explosão das bets ilegais, que seguem operando livremente e ameaçam a sustentabilidade do mercado regulamentado.
Um mercado legal caro, rigoroso e altamente fiscalizado
Para operar legalmente no Brasil, as empresas de apostas precisaram cumprir exigências inéditas no país. Entre os principais custos e obrigações estão:
- Taxa de outorga na casa das dezenas de milhões de reais;
- Depósitos de garantia financeira;
- Estrutura completa de compliance, KYC e prevenção à lavagem de dinheiro;
- Auditorias técnicas e financeiras;
- Limitações publicitárias e regras rígidas de comunicação.
Essas exigências elevaram o padrão do mercado, mas também criaram um cenário desigual quando comparado às operações ilegais, que não pagam impostos, não seguem regras e não oferecem qualquer proteção ao apostador.
O avanço silencioso das bets ilegais
Estudos recentes indicam que entre 40% e 60% das apostas online no Brasil ainda acontecem fora do mercado regulado. Em alguns recortes regionais, esse percentual pode ser ainda maior.
📊 Panorama do Mercado de Apostas no Brasil
das apostas online ainda ocorrem em plataformas ilegais
em arrecadação potencial perdida por ano
custo médio para operar legalmente no Brasil
pode ser a fatia ilegal até 2026 se nada mudar
📉 Participação estimada do mercado
Fontes: estudos setoriais, associações de iGaming, relatórios de enforcement e análises de mercado (2024–2025).
Na prática, isso significa:
- Bilhões de reais fora do alcance do sistema tributário;
- Perda de arrecadação para o Estado;
- Concorrência desleal com operadores licenciados;
- Aumento do risco de golpes, fraudes e manipulação de resultados.
Mesmo com ações de bloqueio de domínios e restrições a meios de pagamento, plataformas ilegais continuam acessíveis por meio de espelhamentos, novos endereços e estratégias de marketing agressivas.
Por que o apostador ainda recorre ao mercado ilegal?
Especialistas apontam uma combinação de fatores que explicam a resiliência das bets ilegais:
Facilidade de acesso
Plataformas ilegais exigem menos dados, não realizam verificação rigorosa de identidade e permitem depósitos rápidos, muitas vezes sem qualquer controle.
Falsa sensação de vantagem
Odds aparentemente melhores, bônus irreais e promessas de lucro rápido continuam atraindo jogadores menos informados.
Falta de clareza para o consumidor
Muitos apostadores não conseguem distinguir um site licenciado de um ilegal, especialmente quando ambos utilizam layouts profissionais, influenciadores e publicidade nas redes sociais.
Os riscos invisíveis para o jogador
Diferente do mercado regulado, plataformas ilegais:
- Podem manipular resultados;
- Dificultam ou impedem saques;
- Não oferecem canais de reclamação;
- Não seguem regras de jogo responsável;
- Podem desaparecer do dia para a noite.
Além disso, há riscos concretos relacionados a lavagem de dinheiro, financiamento de atividades ilícitas e uso indevido de dados pessoais.
O impacto direto sobre operadores regulados
Para as empresas que decidiram investir no Brasil de forma legal, o crescimento das bets ilegais representa um desafio estrutural:
- Redução de market share;
- Pressão sobre margens;
- Dificuldade de competir em bônus e condições;
- Risco de descredibilização do setor como um todo.
Há um temor crescente de que o excesso de custos e restrições recaia apenas sobre quem cumpre a lei, enquanto o mercado ilegal segue capturando usuários sem consequências proporcionais.
O que está sendo feito — e o que ainda falta
Autoridades brasileiras vêm intensificando:
- Bloqueio de domínios ilegais;
- Monitoramento de meios de pagamento;
- Discussões legislativas para endurecer sanções;
- Responsabilização de intermediários e promotores.
Especialistas defendem que o combate efetivo às bets ilegais passa por três pilares:
- Enforcement tecnológico eficiente, com bloqueios dinâmicos;
- Educação do consumidor, deixando claro o que é legal e o que não é;
- Equilíbrio regulatório, evitando sufocar o mercado formal.
Conclusão
O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores mercados regulados de apostas do mundo. No entanto, esse futuro depende diretamente da capacidade de conter o avanço das bets ilegais.
Sem fiscalização efetiva, comunicação clara ao consumidor e condições mínimas de competitividade para operadores licenciados, o risco é transformar a regulamentação em um fardo para quem joga dentro das regras — enquanto o jogo sujo continua vencendo fora delas.
Games Latam seguirá acompanhando os desdobramentos do mercado, da regulação e das ações de fiscalização para informar, analisar e defender um ecossistema de apostas mais seguro, transparente e sustentável no Brasil.
Participe da IGI Expo 2026: https://igi-expo.com/


