Felipe Pereira, diretor editorial do Sitedeapostas.com, conversa com a SBC News enquanto o mercado brasileiro de apostas esportivas e cassinos online se aproxima do primeiro aniversário. Pereira explica como o mercado amadureceu rapidamente nos primeiros 11 meses e comenta que regras rígidas, como a proibição de bônus, não representam grande desafio para os afiliados — desde que eles mantenham o foco nas demandas dos consumidores.
SBC News: Estamos quase completando um ano de mercado regulamentado no Brasil. Quais eram suas expectativas versus a realidade? O mercado valeu o hype?
Felipe Pereira: O hype girava em torno de dinheiro fácil e instantâneo, mas a realidade exige estabilidade, execução estratégica e visão de longo prazo. Na Leadstar Media, nunca enxergamos o mercado como uma corrida do ouro, e sim como um empreendimento de longo prazo baseado em profissionalismo e adaptação.
Certamente esperávamos uma transição mais suave e uma migração rápida do tráfego do mercado cinza para as marcas licenciadas; no entanto, as exigências de CPF e reconhecimento facial mudaram completamente o cenário. Para nós, o valor de longo prazo justifica totalmente o hype. Conseguimos trocar tráfego de baixa qualidade, focado em bônus, por jogadores de alto valor e sustentáveis. O mercado está amadurecendo para uma receita mais previsível, profissional e juridicamente segura.
SBC News: Quais são as principais diferenças entre trabalhar no antigo mercado cinza no Brasil e no setor regulamentado em 2025?
Felipe Pereira: A diferença central é a segurança da parceria versus o atrito no funil. No mercado cinza, havia pouco atrito e cadastros rápidos, mas o risco de a operadora mudar a comissão ou simplesmente encerrar atividades era muito significativo. Agora, no setor regulamentado, reduzimos nosso risco porque a operadora é licenciada, garantindo estabilidade contratual e pagamentos pontuais. O trade-off são taxas de conversão mais baixas e alto atrito devido às verificações obrigatórias de KYC.
SBC News: Com fãs tão apaixonados por esportes no Brasil, como vocês adaptam a estratégia de conteúdo para gerar conexão com essas audiências?
Felipe Pereira: Usamos o frenesi do futebol para atrair usuários, mas esse não é nosso principal gancho. Sabemos que conteúdo genérico de fornecedores estrangeiros simplesmente não funciona no mercado brasileiro. Por isso, abordamos diretamente os pontos de dor do jogador brasileiro: PIX, saques confiáveis e dicas informativas de apostas. Para converter jogadores, focamos em entregar valor real e transmitir confiança. Isso envolve priorizar análises especializadas e conteúdo realmente hiperlocal.
SBC News: Qual é o equilíbrio de conteúdo entre esportes e cassino online no Brasil? O cassino cresceu tanto quanto as apostas esportivas?
Felipe Pereira: Sim, o cassino online cresceu bastante no Brasil e continua se expandindo em ritmo acelerado. Observamos um crescimento significativo no vertical de cassino, semelhante ao das apostas esportivas. Jogos como Fortune Tiger, Sweet Bonanza e crash games clássicos estão gerando forte interesse e alto volume de tráfego.
Embora o futebol e as apostas esportivas ainda sejam a porta de entrada mais comum, o cassino também está se tornando uma porta de entrada evidente. Administramos alguns projetos de cross-sell, como o SitedeApostas.com (que mistura conteúdo de esportes e cassino), mas também desenvolvemos um projeto exclusivo de cassino para atender essa demanda crescente.
SBC News: Existem várias restrições publicitárias no marco regulatório brasileiro. Isso aumentou ainda mais a importância dos afiliados?
Felipe Pereira: Sem dúvida. Não apenas aumentou a importância, como tornou os afiliados profissionais e em conformidade uma engrenagem essencial do marketing digital para as operadoras licenciadas. As restrições atuais já são substanciais, e a tendência é que aumentem. Isso cria um grande vácuo, e as operadoras tendem a depender cada vez mais de nós para alcançar os jogadores de forma eficaz. Nosso valor está em oferecer conteúdo totalmente compliance e atuar em canais menos restritos, sendo um parceiro de mitigação de risco, não apenas uma fonte de tráfego.
SBC News: A proibição de bônus teve grande impacto nas operações de vocês ou vocês conseguiram encontrar alternativas para gerar valor aos usuários?
Felipe Pereira: A proibição de bônus certamente abalou o mercado e causou uma queda temporária de aquisição. Perder o bônus de boas-vindas como gancho claro de aquisição exigiu uma mudança imediata de direção e a reorganização da nossa estratégia de conteúdo. Usamos nossa experiência em outros mercados para aplicar uma estratégia localizada semelhante no Brasil.
Acreditamos que o motor central da aquisição — a intenção do jogador — permanece o mesmo; no entanto, o formato pelo qual as operadoras podem oferecer e anunciar incentivos mudou drasticamente. Em consequência, estamos focando mais em recompensas sem rollover, programas de lealdade reforçados e ganchos de conversão de alto valor.
SBC News: Quão importante tem sido ter expertise local no país para garantir uma localização eficaz e conteúdo realmente alinhado ao público brasileiro?
Felipe Pereira: É absolutamente essencial — basicamente, a diferença entre operar e realmente prosperar no país. Como mencionado, conteúdo estrangeiro é ineficiente e simplesmente não funciona no Brasil. Sem expertise local, o conteúdo falha em gerar engajamento, reduzindo drasticamente a taxa de conversão.
Localização vai além de tradução; exige compreender profundamente todo o ecossistema, desde os atritos nos meios de pagamento até as normas culturais que cercam as apostas. Além disso, tentar navegar esse mercado complexo à distância é receita para problemas de compliance. Sem dúvida, nossa equipe local desempenha um papel fundamental no sucesso da nossa operação brasileira.
SBC News: Na sua visão, quais serão as principais tendências entre consumidores brasileiros conforme o mercado amadurece em 2026?
Felipe Pereira: Vejo algumas tendências claras para 2026:
Primeiro, haverá uma migração final para marcas confiáveis. O regulador intensificará a fiscalização sobre sites não licenciados e facilitadores de pagamento. Os consumidores acabarão não tendo escolha senão migrar para marcas totalmente licenciadas.
Em seguida, veremos a ascensão dos cassinos orientados ao público local. Os jogadores brasileiros buscam experiências sociais e interativas que realmente ressoem com eles. Slots totalmente automatizados não estão entregando toda essa experiência social. O lançamento de jogos de cassino com temas brasileiros e dealers que falam português vai crescer drasticamente.
Além do futebol, acredito que as apostas em eSports crescerão significativamente conforme o público mais jovem e digital amadurece.
Por fim, veremos a consolidação da lealdade nos patrocínios esportivos. Já observamos um amadurecimento real nesse aspecto; operadores menos sérios que patrocinaram times por pouco tempo estão desaparecendo. Em 2026, acredito que gigantes licenciados como Betano e Sportingbet, que fecharam patrocínios grandes e duradouros, conseguirão transformar essa enorme audiência-alvo em uma base sólida de jogadores.
Receba um resumo com as principais notícias sobre o mercado de jogos online no Brasil através do link. A newsletter é enviada toda segunda, terça e quinta-feira, sempre às 17 horas.
Felipe Pereira, diretor editorial do Sitedeapostas.com, conversa com a SBC News enquanto o mercado brasileiro de apostas esportivas e cassinos online se aproxima do primeiro aniversário. Pereira explica como o
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