O Coritiba anunciou, nesta segunda-feira (15), a venda de um percentual de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ao Grupo Independiente del Valle (IDV), que gere o clube de mesmo nome no Equador. O grupo passa a ser investidor minoritário, mas com participação relevante.
A gestão do clube, porém, será mantida com o modelo de cogestão liderado por Outfield e Treecorp. O percentual de cada parceiro é mantido em sigilo. Sabe-se apenas que o Coritiba como associação mantém 10% do negócio.
“O grande ponto desse processo é que há um alinhamento de mentalidade muito grande entre os dois lados”, destacou Pedro Oliveira, cofundador da Outfield e membro do Conselho de Administração do Coritiba, em entrevista à Máquina do Esporte.
As conversas tiveram início em abril, quando membros da diretoria do Coritiba foram conhecer a infraestrutura e o trabalho de formação de atletas do Independiente del Valle, com sede em Sangolquí, na Região Metropolitana de Quito, no Equador.
Nos últimos anos, a equipe tem se projetado na América do Sul com os títulos da Copa Sul-Americana (2019 e 2022) e da Recopa Sul-Americana (2023). Recentemente, ganhou o Campeonato Equatoriano pela segunda vez na história, conseguindo competir em igualdade de condições com os grandes do país, mesmo tendo menos poder financeiro e torcida do que LDU, Barcelona de Guayaquil e Emelec.
“Também tivemos a oportunidade de apresentar o projeto do Coritiba e tudo o que vinha sendo feito desde que a Treecorp adquiriu o clube, no final de 2023, como o processo de reestruturação e a chegada da Outfield, que hoje é cogestora do clube”, contou Oliveira.
Segundo o executivo, a visita acabou despertando o interesse do Grupo IDV em conhecer o projeto.
“Aí eles abriram para a gente que tinham interesse em fazer algum investimento no futebol brasileiro. Ali começou uma conversa sobre como a gente poderia desenhar essa parceria estratégica”, revelou o cofundador da Outfield.
Centro de Treinamento
O aporte do IDV seguirá o planejamento já definido pelo órgão gestor do clube, que inclui a construção de um novo Centro de Treinamento (CT), em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (PR).
“Temos obrigação contratual de investir no mínimo R$ 100 milhões no novo CT. Gostaria de terminar as obras em menos de dois anos, mas temos que entender a questão do cronograma”, disse Oliveira, que espera inaugurar o novo espaço no final de 2027 ou no início de 2028.
A SAF do Coritiba aguarda a conquista de todas as licenças ambientais para iniciar as obras. A gestão do clube espera conseguir finalizar essa parte até o início do ano. O futuro CT abrigará entre seis e oito campos, bem como um hotel para hospedar os jogadores do time profissional e da base.
Também estão previstas melhorias no Estádio Couto Pereira e investimentos na operação da equipe, que voltará à Série A do Campeonato Brasileiro em 2026, após o título da Segundona neste ano.

Governança
A chegada do IDV faz com que o grupo equatoriano assuma um papel consultivo, sem poder decisório no Coritiba.
Essa divisão é importante porque, caso os equatorianos passassem a exercer a gestão da SAF, a parceria se caracterizaria como um modelo multiclubes, o que poderia prejudicar o Coritiba no caso de uma classificação para a Copa Libertadores ou a Copa Sul-Americana. A Conmebol veta dois clubes que sejam do mesmo dono em um mesmo torneio por configurar conflito de interesses.
“Consultamos advogados especialistas no assunto, por isso construímos o investimento minoritário de forma que não tenham participação efetiva nas decisões”, destacou Oliveira.
“Os processos decisórios continuam conosco. A ideia é que contribuam em áreas como no processo de formação de atletas”, completou.
Intercâmbio
Um dos modelos que o Coritiba pretende adotar a partir dessa associação com o IDV é o aprimoramento da formação de atletas. Saíram do Independiente del Valle nomes como Caicedo, Willian Pacho e Piero Hincapié, hoje titulares de Chelsea, PSG e Arsenal, respectivamente.
“É outra realidade, mas alguma coisa interessante pode ser aplicada no Brasil. É entender como eles operam, os processos, entender e comparar com o que temos aqui. Ver como as coisas funcionam. É aprender com os erros e acertos deles”, explicou o executivo.
O Coritiba, por outro lado, também tem tradição na formação, com nomes como Alex e Rafinha, no passado, e Igor Jesus e Igor Paixão, na atualidade.
Temporada
Após o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro, o objetivo do clube é continuar competitivo, assim como foi na Segundona em 2025.
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“Prioridade zero é manter na Série A e buscar bons resultados na Copa do Brasil e no Campeonato Paranaense. Vamos continuar a construção desse DNA de equipe competitiva”, enfatizou Oliveira.
“A gente bate muito na tecla da alma guerreira do Coxa, que vem do título de campeão brasileiro em 1985”, rememorou.
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Grupo IDV torna-se sócio minoritário, sem papel decisório, para não configurar conflito de interesses com o time equatoriano
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