A direção da Playtech aconselhou parceiros a terem cautela ao lidar com regulamentações voláteis em mercados centrais. Após divulgar o relatório financeiro do primeiro semestre deste ano, reafirmando o compromisso da empresa com os mercados latino-americanos, incluindo Brasil, Colômbia e México, a Playtech demonstrou preocupação com as mudanças fiscais propostas nessas jurisdições.
Um dos principais movimentos da Playtech no México foi a aquisição da participação acionária de 30,8% na operadora local Caliente. Viktor Kayed, jornalista sênior do SBC News, conversou com Chris McGinnis, diretor financeiro (CFO) da Playtech, e com Mor Weizer, CEO, sobre as perspectivas de longo prazo do acordo entre a Playtech e a Caliente.
Desafios fiscais em pauta
McGinnis destacou o compromisso da Playtech com a Caliente e as oportunidades de crescimento que a parceira proporciona, enquanto Weizer concentrou-se mais nos aspectos regulatórios em rápida evolução do mercado mexicano.
Ainda em análise, uma proposta de legislação para o orçamento de 2026 pretende elevar a alíquota do imposto sobre a receita bruta de jogos (GGR) de 30% para 50%. Weizer citou exemplos da Europa, onde aumentos de impostos provocaram um efeito contrário no mercado.
“Vimos em desenvolvimentos internacionais, como nos Países Baixos, que aumentos no imposto sobre jogos podem ter consequências não intencionais”, disse Wizer.
O CEO acrescentou que a iniciativa de elevar os impostos resultou na redução dos investimentos em marketing e na saída de operadores do mercado, além de ter aumentado a atividade em plataformas irregulares.
“Embora, obviamente, gostaríamos que o nível de tributação no México permanecesse o mesmo, não podemos prever qual será o impacto de um aumento e ainda estamos no processo de avaliação”, afirmou Wizer.
América Latina permanece no radar da Playtech
A América Latina tem atraído a atenção de diversas empresas de jogos, tanto B2B quanto B2C, com o Brasil, em particular, registrando um aumento de novas marcas desde que o mercado regulamentado de apostas foi lançado oficialmente em janeiro deste ano.
Apesar do entusiasmo, outros mercados da América Latina não podem ser ignorados – com muitos passando por mudanças tributárias semelhantes às da Europa. Na Colômbia, por exemplo, foi proposta a transformação do Imposto sobre o Valor Agregado (VAT) temporário em cobrança permanente.
Ao reafirmar que o país continua sendo uma prioridade para a Playtech, Weizer também alertou que o mercado pode se tornar insustentável para alguns operadores caso o governo decida avançar com a medida.
No Brasil, a receita da Playtech se mostrou volátil em comparação a outras jurisdições, como Estados Unidos (EUA) e Canadá, principalmente devido à regulamentação do mercado no início do ano. No entanto, Weizer se mostrou confiante de que a empresa atuou de maneira adequada e que parceiros locais da marca agora estão bem-posicionados para um rápido crescimento.
“O Brasil possui o conjunto de regulamentações mais rigoroso do mundo, mesmo quando comparado aos EUA, e introduziu processo de onboarding muito restritivo, que, no início, resultou em altos índices de rejeição”, explicou o CEO.
“No entanto, agora vemos o GGR retornando a níveis muito semelhantes aos observados antes da regulamentação. As estimativas apontam para um valor de mercado de US$ 6 bilhões até o final do ano, com crescimento esperado de 15% até 2030, alcançando US$ 17 bilhões”, acrescentou Weizer.
O CEO acredita que, embora o mercado tenha levado algum tempo para se ajustar às novas regras, a partir de agora haverá expansão acelerada: “Essa é uma grande oportunidade para nós. Acreditamos que o Brasil está entre os países mais promissores para a indústria de jogos nos próximos anos”.
Venda da Snaitech reforça foco B2B da Playtech
As contas corporativas da Playtech no primeiro semestre de 2025 foram positivamente impactadas com a venda da Snaitech para a Flutter Entertainment, um marco importante na transição da empresa para um modelo exclusivamente B2B.
Questionado pelo SBC News sobre como a Playtech pretende priorizar o uso do capital recém-adquirido, McGinnis afirmou que todas as opções estão em análise, desde fusões e aquisições (F&A) até retorno aos acionistas.
“Temos um balanço muito sólido, e acredito que o melhor que ele proporciona é a flexibilidade para avaliarmos todas essas opções”, disse o CFO.
“Sempre tivemos uma estratégia de F&A. Quando adquirimos a Snaitech, isso fazia parte dessa estratégia. Essa abordagem permanece, e estamos sempre atentos a oportunidades de F&A”, acrescentou McGinnis.
Em relação ao crescimento orgânico, o CFO afirmou que a Playtech consegue financiar a própria expansão em mercados como o Brasil, acrescentando que a empresa também passa a observar a alocação de capital com mais atenção.
“No futuro, espero que o retorno aos acionistas – por dividendos ou recompra de ações – também faça parte dessa estratégia”, concluiu McGinnis.
A direção da Playtech aconselhou parceiros a terem cautela ao lidar com regulamentações voláteis em mercados centrais. Após divulgar o relatório financeiro do primeiro semestre deste ano, reafirmando o compromisso
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