A consolidação do mercado de apostas no Brasil passa, segundo Laura Morganti, por uma combinação entre senso de justiça, diálogo e amadurecimento institucional. Diretora de Assuntos Institucionais e Relacionamento com Consumidores da BetBoom e representante da operadora no SINDIBETS-SP, ela traz para o setor uma trajetória de mais de duas décadas no direito do consumidor, marcada por atuações em litígios complexos e em indústrias regulamentadas.
Essa bagagem abriu caminho para sua entrada na BetBoom, que vem ampliando investimentos no Brasil, como ela informou durante entrevista no SBC Summit 2025.
“A BetBoom quer investir muito [culturalmente] no Brasil. Está sendo muito bacana fazer parte do processo de construção operacional e consolidação no mercado brasileiro”, afirma.
Autorregulação e aprendizado com o mercado financeiro

Para Morganti, aplicar senso de justiça no setor significa criar pontes entre diferentes atores, e colocar um lado como antagonista pode prejudicar todo o ecossistema, em especial com um mercado tão novo em regulamentação como o brasileiro.
Apesar dos poucos meses regulamentados, Morganti ressalta ainda a necessidade de adaptar modelos internacionais à realidade local, mas com intenção real: “Não adianta a gente só olhar pra fora e tentar replicar no Brasil… Temos que, a partir daí, construir algo que funcione para o mercado brasileiro, abrasileirar”.
Em sua visão, a autorregulação pode ser um caminho justamente para amadurecer o setor.
“Seria interessante um modelo de autorregulamentação setorial. Temos um Estado muito paternalista, e seria preciso avaliar se esse modelo seria aceito pelos próprios políticos”, comenta.
Para Morganti, o modelo de autorregulação poderia ser inspirado no mercado bancário e explica: “O mercado de ‘bets’ tem muito a aprender com o mercado bancário. Temos o Banco Central (BC), por exemplo, que é uma autarquia federal. [No mercado de apostas] temos a SPA [Secretaria de Prêmio e Apostas], que antevejo que se torne uma agência autônoma e forte e passe a ter a sua independência numa agenda desapegada da agenda política e focada num modelo de autorregulamentação. E é isso que o BC junto com a FEBRABAN [Federação Brasileira de Bancos] consegue trazer para o mercado financeiro. Vejo que esse é um modelo que pode funcionar. O modelo do Reino Unido funciona bastante, mas estamos falando de um mercado muito mais maduro”.
Ano eleitoral e futuro do mercado de apostas no Brasil
O debate sobre propaganda, tributação e modelo de negócios está no centro da agenda de 2025. Morganti alerta para os riscos de extremos: “A vida é feita de pêndulos, é 8 ou 80, o oito sendo a proibição total e 80 ser tudo feito sem responsabilidade. Quando falo de educação, é educação também dos operadores na hora de fazer propaganda”.
Sobre os próximos meses, ela prefere cautela acerca da “bola de cristal” do governo brasileiro.
“Adoraria ter uma bola de cristal [sobre] a MP da tributação em cima do GGR que está para sair o relatório e ser votado… Tudo pode acontecer nos próximos meses, como a lei dos cassinos físicos, que precisa ser analisada e votada. [Se temos] o mercado de apostas virtuais, por que não também o presencial?”, comenta com bom humor.
Para a diretora da BetBoom, o grande desafio é garantir crescimento sustentável e responsável, sem perder o espaço conquistado pelo setor no Brasil.
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