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O projeto da Arábia Saudita de dominar os grandes eventos esportivos globais alcançou seu ápice, nesta semana, com a escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2034.
Houve, de fato, algumas queixas de entidades que defendem os direitos humanos, caso da Anistia Internacional, que tentaram chamar a atenção para diversos relatos de abusos praticados pelas autoridades do país contra minorias religiosas, dissidentes políticos, mulheres e a população LGBTQIA+.
A Noruega até que se posicionou contra a escolha durante a votação, que contou com a participação de 211 entidades filiadas à Federação Internacional de Futebol (Fifa). No fim das contas, porém, a vitória saudita foi avassaladora.
As federações da Ásia, por exemplo, posicionaram-se de maneira unânime a favor da candidatura da Arábia Saudita. Com isso, a Copa do Mundo retornará ao continente, depois da edição do Catar, realizada em 2022.
A vitoriosa candidatura da Arábia Saudita para sediar o Mundial é parte de um projeto mais amplo, que mistura esporte, geopolítica, economia e marketing, denominado Saudi Vision 2030.
Soft power
Em 2023, a Arábia Saudita abalou o noticiário esportivo internacional, ao anunciar a contratação de astros que atuavam no futebol europeu, como Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, N’Golo Kanté, Sadio Mané e Neymar, para seu campeonato nacional, a Saudi Pro League.
Os investimentos gigantescos feitos pela Liga Saudita na contratação de craques devem ser lidos em um contexto muito mais amplo. Para início de conversa, eles não se limitam ao futebol. Há alguns anos, o país do Oriente Médio vem despejando rios de dinheiro em diferentes modalidades, como tênis, golfe, Fórmula 1 (neste caso, por meio da petrolífera estatal Aramco), e-Sports e até mesmo a Fifa, que, em abril deste ano, passou a ser patrocinada pela companhia saudita de petróleo.
A sanha por investir no esporte é tamanha que a nação localizada no meio do deserto escaldante conseguiu a proeza de ser escolhida como sede dos Jogos Asiáticos de Inverno de 2029, com direito a uma cidade nevada que será construída especialmente para o evento.
A avalanche de craques que inunda os gramados sauditas faz parte de um negócio que vai muito além do esporte. Hoje, os investimentos que o país árabe faz nas diferentes modalidades representa a principal expressão do seu “soft power”, conceito da teoria das relações internacionais usado para descrever a habilidade de uma nação em influenciar, de maneira indireta, o comportamento ou os interesses de outros corpos políticos por meios culturais ou ideológicos, caso dos filmes e seriados dos Estados Unidos.
O esporte, hoje, tem o papel fundamental de tentar aliviar as diversas críticas que recaem sobre o regime político da Arábia Saudita, marcado por perseguições a dissidentes políticos e também a mulheres, pessoas LGBTQIA+ e minorias religiosas.
Seria o chamado sportwashing, que pode ser traduzido como lavagem esportiva. Um exemplo disso está no post feito pelo governo do país em sua conta oficial do Instagram, para celebrar a escolha como sede do Mundial de 2034, em que um menino e uma menina aparecem de mãos dadas, caminhando em direção a um estádio de futebol.
A publicação tenta passar a ideia de inclusão e de igualdade de gênero, que está longe de ser uma realidade no reino do Oeste Asiático.
Diversificação econômica
Os gastos bilionários feitos pelo Fundo de Investimento Público do país, conhecido pela sigla em inglês PIF, na área esportiva fazem parte da estratégia definida em 2016 pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, visando reduzir a dependência da Arábia Saudita em relação ao petróleo (que hoje responde por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) real do país), por meio da diversificação econômica e do estímulo a áreas como turismo, educação, saúde e serviços públicos.
Batizado de Saudi Vision 2030, o programa estratégico busca também promover uma imagem mais leve e secular do país, prevendo, inclusive, a entrada de mulheres no mercado de trabalho.
Os investimentos não se restringem ao esporte e incluem o financiamento a obras de habitação e infraestrutura.
O esporte cumpre um papel estratégico nesse plano porque os grandes eventos internacionais ajudam a atrair centenas de milhares de turistas para o país, além de deixá-lo em evidência em todo o mundo, com a cobertura midiática.
O plano inicial da Arábia Saudita, inclusive, era o de sediar a Copa de 2030, que, no fim das contas, terá como sedes Espanha, Marrocos, Portugal, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Desde 2021, o reino saudita investiu em torno de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões, pela cotação atual) em esportes. A expectativa é de que, com a Copa do Mundo de 2034, os recursos direcionados para essa área aumentem ainda mais, podendo atingir a casa das centenas de bilhões, até o início do Mundial.
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O projeto da Arábia Saudita de dominar os grandes eventos esportivos globais alcançou seu ápice, nesta semana, com a escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2034. Houve, de fato, algumas queixas de entidades que defendem os direitos humanos, caso da Anistia Internacional, que tentaram chamar a atenção para diversos relatos de
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