Entra ano, sai ano, a União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) costuma mobilizar sua extensa burocracia para se debruçar sobre a questão da multipropriedade de clubes, realidade surgida na década de 1990, quando AEK Atenas, Slavia Praga e Vicenza, clubes que tinham investimentos da empresa britânica Enic, chegaram às quartas de final da antiga Recopa Europeia.
Na medida em que a globalização avançou sobre o futebol europeu e clubes passaram a receber investimentos de grandes grupos internacionais, a polêmica se aprofundou. No discurso, a Uefa diz estar preocupada com a integridade esportiva.
Na prática, porém, a entidade tem buscado formas recorrentes de garantir que esses negócios multiclubes avancem, sem que a situação afronte as regras de suas competições continentais. Até agora, a saída mais frequente usada pela entidade, nos casos em que dois clubes do mesmo dono se classificavam para o mesmo torneio, vinha sendo fazer com que os investidores reduzissem sua participação acionária para menos de 30% do capital de um dos clubes (em geral, o menor).
Mas, a partir de agora pelo visto, nem isso será preciso. Nesta sexta-feira (5), o Conselho de Controle Financeiro da Uefa (CFCB, na sigla em inglês) anunciou que Manchester City e Girona, clubes que integram o City Football Group, e Manchester United e Nice, de propriedade do bilionário britânico Jim Ratcliffe, estão liberados para disputar juntos a mesma competição.
Manchester City, que conquistou a temporada 2023/2024 da Premier League, e Girona, que ficou em terceiro lugar na última temporada da LaLiga, haviam garantido vaga na Champions League 2024/2025.
O Nice, por sua vez, obteve sua classificação para a Europa League, ao terminar em quinto na Ligue 1 2023/2024. O clube francês estava tranquilo com sua participação no torneio da Uefa, até que o Manchester United conquistou a Copa da Inglaterra desta temporada, ao derrotar o Manchester City na final.
Relaxamento da regra evita “rebaixamentos” nos torneios continentais
Conforme a Máquina do Esporte noticiou em março deste ano, as novas regras de multipropriedade da Uefa, que passariam a valer a partir de maio, colocariam em risco a participação desses times na mesma competição.
No discurso, estava definido que, quando essa situação ocorresse, o clube que tivesse alcançado classificação pior em sua liga doméstica seria “rebaixado” para o torneio continental inferior. No caso da dupla do City Football Group, por exemplo, o Girona, que ficou em terceiro na LaLiga, perderia a vaga na Champions League para o Athletic Bilbao, quinto colocado no Campeonato Espanhol.
Com 47% de seu capital controlado pelo City Football Group, o Girona teria de disputar a Europa League. Mas o sonho do clube catalão (cujo estádio tem capacidade para menos de 12 mil torcedores) de disputar a mais badalada competição de clubes do planeta não será interrompido.
Mais uma vez a Uefa mostra que suas leis não são para todos. Ou melhor, que suas regras possuem mais furos que os célebres queijos da Suíça, país onde a entidade está sediada.
A brecha encontrada neste ano foi de que, supostamente, teriam sido implementadas “mudanças significativas pelos investidores envolvidos” no Nice e no Girona, de modo que ninguém, de dentro dos “irmãos” mais famosos, teria “controle ou influência decisiva” sobre as duas equipes menores.
Esta não é a primeira vez que a Uefa aceita esse tipo de desculpa, de modo a favorecer clubes de um grande grupo econômico.
Em um caso célebre mais recente, Red Bull Leipzig, da Alemanha, e Red Bull Salzburg, da Áustria, tiveram que anunciar “mudanças radicais” em suas estruturas administrativas, com o intuito de comprovar que seriam entidades separadas, de modo a poderem disputar, ao mesmo tempo, a Champions League 2017/2018.
À época, a Uefa entendeu que as mudanças feitas pelos dois clubes da Red Bull teriam sido “substanciais e significativas” e que “nenhuma pessoa física ou jurídica tinha mais influência decisiva” em ambas as equipes.
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Entidade considerou que clubes menores passaram por mudanças significativas na administração, de modo que não teriam influência dos “irmãos” maiores
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