Entenda porque Guardiola brigou com torcedores que pediam autógrafos

Pep Guardiola, técnico do Manchester City, foi protagonista de uma cena que viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (13). Em um momento de irritação, o espanhol “brigou” com torcedores que o pediam autógrafos. A reclamação do treinador, porém, envolve muito mais do que apenas uma assinatura.

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O vídeo viralizado mostra Guardiola rodeado de homens que buscam autógrafos em camisas e outros objetos. O treinador, irritado, dá uma bronca em todos em sua volta, dizendo conhecer os rostos daqueles que estão ali.


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“Não voltem mais, eu não vou assinar de novo. Eu conheço seus rostos. Vão para a escola e se preparem. Você é velho, você é jovem, não fiquem aqui perdendo tempo. Você quer viver sua vida fazendo isso? Honestamente”, disse o espanhol enquanto confrontava os “torcedores”.

Um dos homens tenta se defender, dizendo que já foi chef de cozinha. A defesa, porém, se tornou mais um argumento para Pep Guardiola.

“Se prepare melhor. Isso é para pessoas mais velhas e não para vocês. Quais são os seus sonhos? Me digam, quais são seus sonhos? Então vamos praticar!”, acrescentou o treinador..



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A indignação de Pep Guardiola pode ter soado com antipatia, mas é o reflexo de um movimento comum na internet: o mercado alternativo de memorabília. Nesta perspectiva, o treinador estaria sendo “explorado” pelos homens que pediam autógrafos.

Atuação

O perfil responsável por publicar o vídeo no TikTok, identificado nas redes como “ctmemorabilia07”, faz parte deste universo.

Carregando a frase “se você está interessado na memorabília do Manchester United, entre em contato comigo no Instagram” em sua descrição , o perfil compartilha selfies e imagens recebendo autógrafos de jogadores do clube, sempre com o rosto coberto.

Jogadores como Cristiano Ronaldo, Marcus Rashford, Bruno Fernandes, David De Gea e os brasileiros Fred, Anthony e Casemiro aparecem em publicações, alguns repetidas vezes. No Instagram, ídolos do Manchester United, como Ryan Giggs e Wayne Rooney também foram gravados dando autógrafos.

Nos destaques, o dono do perfil anuncia diversas assinaturas. Em alguns casos, são comercializados até sete autógrafos do mesmo jogador.

Memorabília

Memorabília, por definição, é tudo aquilo que é digno de memória, que suscita lembranças. No esporte, trata-se dos mais variados objetos, como camisas, chuteiras, medalhas, bolas, bonecos, que se relacionam com alguma história do universo esportivo.

Mais do que objetos para coleção, podem ser tratados como parte da história de modalidades, atletas ou clubes. Com isso, podem atingir valores altos. Neste cenário, objetos autografados podem ser bastante valorizados.

Samy Vaisman, CEO da Memorabília do Esporte e colunista da Máquina do Esporte, explicou que este tipo de objeto faz parte da cultura do consumo de esporte em países ao redor do mundo, ainda que não seja tão difundido no Brasil.

“Quando falamos de memorabília esportiva, falamos de um mercado de US$ 6 ou 7 bilhões por ano, apenas em negociações oficiais, só nos EUA. Sem incluir o mercado informal, de sites de revenda por pessoas físicas, como o eBay e outros. Lá, o mercado de memorabília esportiva é um negócio extremamente rentável, organizado e bem desenvolvido”, disse.

“O Brasil está muito longe, mas vemos já alguns movimentos interessantes de valorização da memorabília esportiva. Iniciativas um pouco tímidas, mas que já começam a aparecer. E isso é muito bom, não apenas pelo lado comercial, mas também porque esse universo da memorabília esportiva, tem um papel importante de manutenção e resgate de história também”, seguiu.

O mercado oficial envolve não apenas os objetos em si, mas todo o processo que garante sua autenticação e certificação, fundamentais para garantir origem, valor e resgate histórico de cada peça.

“Idealmente, um item de memorabília esportiva precisa vir acompanhado de um certificado. Este certificado precisa ser de uma empresa séria, registrada, com metodologia e processos e só pode ser emitido por meio de profissionais e documentos que comprovem a história daquela peça. Um item sem certificado é um item sem valor oficialmente”, explicou Samy Vaisman.

“E isso alimenta o mercado secundário, em que as exigências e as cifras são menores. Não basta ‘ter um certificado’, é preciso saber quem certifica, a reputação da empresa e a história do item”, apontou.

Mercado alternativo

O mercado alternativo, movimentado por grupos como aquele que compartilhou o vídeo viralizado de Guardiola, surge como uma oportunidade mais barata para fãs interessados. Porém, cria espaço para fraudes e causa impactos negativos no mercado oficial.

“O maior ponto de atenção no mercado secundário é a difusão de peças não certificadas, falsificadas, fraudadas ou sem valor. Isso atrapalha muito o desenvolvimento do mercado oficial”, lembrou o CEO da Memorabília do Esporte.

No mercado oficial, as personalidades esportivas envolvidas na memorabília podem receber valores a partir da comercialização dos itens, sejam eles produzidos ou não. Afinal, estão sendo comercializadas sua influência e idolatria. Logicamente, este processo não acontece no mercado alternativo.

“Para os esportistas também é negócio, torna-se mais uma fonte de receita. As empresas que desenvolvem produtos colecionáveis ou administram lojas ou e-commerce pagam por itens, por séries de autógrafos, por experiências, produzem e vendem todo tipo de item de memorabília. Em raros casos, chegam a pagar por exclusividade ou por linhas únicas de produtos limitados”, exaltou Samy sobre o mercado oficial.

Além disso, o valor de um autógrafo, como é o caso de Guardiola, varia de acordo com diversos fatores. Entre eles estão a frequência e a raridade das assinaturas. Um autógrafo com grande oferta no mercado, fácil de encontrar, se torna mais barato, mesmo que esteja no mercado oficial.

“A escassez muitas vezes define o valor. E isso pode fazer com que alcance valores absurdos, pequenas fortunas. Há casos de cards que valem quatro, cinco milhões de dólares”, comentou o executivo.

Outros casos

Pep Guardiola não é o primeiro que questiona o interesse de “fãs” durante sessões de autógrafos. O ex-jogador Ronaldo Fenômeno protagonizou uma cena parecida em 2023.

À época ainda dono do Cruzeiro, Ronaldo atendeu torcedores que buscavam autógrafos. Assim como Pep Guardiola, o ex-jogador se deparou com um rosto conhecido e questionou um homem que pedia uma assinatura em uma camisa da seleção brasileira.

“Você toda vez está aqui com a camisa, o que você faz com as camisas?”, perguntou Ronaldo. O homem se defendeu, dizendo que as camisas eram para amigos.

“Você tem amigo para caramba, vou te achar na internet para ver se você vende. Eu vou te achar, fica tranquilo”, completou o ex-jogador.

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Indignação do técnico do Manchester City tem relação com mercado alternativo de memorabília
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