Um estudo conduzido pela LCA Consultoria Econômica a pedido do Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) analisou a dimensão real do mercado de apostas de quota fixa no Brasil. As informações divulgadas divergem de outras pesquisas feitas pelo setor de comércio, que apontam os gastos com jogos online como catalisadores de endividamento e menos gastos com consumo.
Segundo o relatório, apostas têm impacto limitado no orçamento das famílias e não representam risco para o equilíbrio financeiro dos lares brasileiros. Com base em dados do Banco Central, Itaú, J.P. Morgan e H2 Gambling Capital, a LCA estimou que o gasto líquido anual com apostas (valor desembolsado pelos consumidores após prêmios e retiradas) varia entre R$ 16 bilhões e R$ 35 bilhões. Essa quantia equivale a 0,1% a 0,3% do PIB nacional e entre 0,2% e 0,5% do consumo total das famílias, o que coloca gastos no setor no mesmo patamar de outras formas de entretenimento, como cinema e streaming.
O relatório destaca que o consumo de apostas online representa uma fração ínfima do PIB e do consumo das famílias e que se trata de uma atividade de lazer, e não de investimento. A comparação com a chamada economia criativa, que inclui setores como cinema, teatro, fotografia e jogos, mostra que o consumo com apostas corresponde a 7% a 16% dos gastos familiares nesse segmento.
O perfil médio do apostador brasileiro é o de um jovem de até 30 anos, que deposita cerca de R$ 100 por mês em operadoras, mas cujo gasto líquido efetivo gira em torno de R$ 15 mensais.
Outros levantamentos citados no relatório apontam na mesma direção: de acordo com pesquisa da FecomércioSP, 60% dos usuários apostam por diversão, e um estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) revela que 70% não veem as apostas como investimento.
Brasileiros estão se endividando para fazer apostas online?
A LCA também avaliou os dados do Banco Central e da Confederação Nacional do Comércio (CNC) para identificar eventuais impactos de apostas sobre o endividamento das famílias.
O estudo mostra que o percentual de famílias endividadas permaneceu estável entre 2022 e 2024, enquanto o nível de comprometimento de renda com dívidas diminuiu. Mesmo em um cenário hipotético em que todo o gasto com apostas fosse usado para amortizar dívidas, o efeito seria praticamente nulo, uma redução inferior a 0,5 ponto percentual no endividamento agregado.
Outro ponto que o estudo avalia é o uso do Bolsa Família em sites de apostas. O documento do Banco Central publicado em outubro de 2024 apontava que, em agosto do mesmo ano, beneficiários do programa movimentaram R$ 3 bilhões em transferências via Pix para plataformas, o equivalente a 21% dos recursos do programa naquele mês.
No entanto, a LCA argumenta que os números brutos não refletem o consumo real, pois ignoram prêmios e saques. Considerando o valor líquido (após aplicação de uma taxa de GGR de 7% a 15%), o gasto efetivo representaria entre 1,5% e 3,2% do Bolsa Família, ou R$ 42 a R$ 90 por família. Os resultados líquidos são mais consistentes e mostram que o impacto é muito menor do que o sugerido pelas transferências brutas, observa o relatório.
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Um estudo conduzido pela LCA Consultoria Econômica a pedido do Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) analisou a dimensão real do mercado de apostas de quota fixa no Brasil. As
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